
O último tremor de 8,1 graus de magnitude, que atingiu as ilhas Ogasawara e fez tremer todo o Japão no dia 30 de maio, está sendo avaliado por especialistas como um abalo sísmico raro e capaz de desencadear outros tremores maiores, devido à alta profundidade do epicentro, divulgou o portal Shujo Prime.
De acordo com a reportagem do portal, o especialista em terremotos e professor da Universidade Musashino Gakuin, Hidenori Shimamura, explicou que o tremor do dia 30 ocorreu na mesma placa tectônica que provocou o grande terremoto de Tohoku, em 2011. “Das ilhas Chishima (arquipélago vulcânico próximo a Hokkaido) até a ilha de Honshu e ao sul das ilhas Ogasawara, há uma extensa placa tectônica e, ao redor desta placa, há deformações provocadas pelo terremoto de Tohoku que estão se expandindo”, disse.De acordo com o especialista, o último tremor ocorreu no encontro com a placa do Oceano Pacífico, em uma profundidade de quase 700 quilômetros, o que pode causar a ocorrência de outros tremores mais rasos. “O último terremoto foi fora do comum, pois são raros os tremores com um epicentro estimado em mais de 300 quilômetros de profundidade. Quando um grande terremoto de alta profundidade ocorre, as áreas acima acabam sofrendo influência, o que pode fazer com que desencadeie outros tremores de grande magnitude e mais rasos”, explicou Para o professor da Universidade de Ryukyu, Masaki Kimura, o conceito não é diferente. “O problema é que, quando ocorre um atrito de alta profundidade nas placas tectônicas, é muito comum que aconteçam grandes terremotos também em profundidade rasa”, disse.No caso das ilhas Ogasawara, os especialistas garantem que a profundidade foi o que salvou o Japão de sofrer com grandes danos. “Embora a magnitude tenha sido superior a 8,0 graus, é difícil que um tremor cause danos reais quando ocorre em uma profundidade superior a 60 ou 70 quilômetros”, explicou Shimamura.
Possibilidade de grandes tremores
Para os dois especialistas, as regiões que já corriam risco antes do abalo do último dia 30 continuam com probabilidades maiores de sofrer com um grande terremoto. “As localidades entre Hokkaido e a província de Aomori e mais ao sul, entre Ibaraki e a Península de Boso (Chiba), já haviam sido estimadas antes como áreas de risco e continuam com alta probabilidade”, disse Shimamura.
Para o especialista, também não seria estranho se o terremoto gigante de Nankai (no vale submarino ao sul da ilha de Honshu) ocorresse a qualquer momento. “Se o tremor de Nankai ocorresse com mais de 8,0 graus de magnitude, poderia ter uma vibração 30 vezes superior ao terremoto de Hanshin, que ocorreu em 1995. Neste caso, os danos seriam inestimáveis e até prédios iriam tombar”, alertou. No caso do terremoto de Nankai, as províncias de Aichi, Mie, Shizuoka, Wakayama, Oita, Kagawa, Tokushima, Miyazaki, Kochi e Ehime poderiam ser atingidas.
Para o professor Kimura, Hokkaido e Aomori também são áreas de alto risco de sofrer com um tremor com magnitude superior a 7,5 graus e em profundidade rasa. Além disso, o especialista estimou também a possibilidade de grandes abalos na Península de Izu, no mar de Hyuga (próximo a Kyushu), nas ilhas Amami e próximo a Taiwan.
“Acredito que com o terremoto nas ilhas Ogasawara, os riscos de grandes abalos sísmicos, principalmente nas proximidades da Península de Izu, aumentaram ainda mais”, disse.
Para Kimura, há grande possibilidade de que um terremoto destrutivo ocorra até o ano de 2017. “Eu havia estimado que um terremoto de 8,5 graus de magnitude ocorreria em uma dessas localidades entre 2007 e 2017 e acredito que ainda há essa possibilidade”, explicou.