
A promotora pública de Três Passos, Sílvia Jappe, disse ontem,2,que aguarda informações que solicitou à Polícia Civil para se manifestar pela reabertura ou não do caso da morte de Odilaine Uglione, mãe de Bernardo, que se suicidou em 2010, no consultório do então marido, o médico Leandro Boldrini. Sílvia Jappe confirmou que a família Uglione (da avó materna de Bernardo) formulou judicialmente um pedido para reabertura do inquérito e processo que apurou a morte de Odilane. “Vamos aguardar as informações que solicitamos à Polícia e iremos analisar o caso”, limitou a dizer a representante do Ministério Público.
A família da mãe de Odilaine está requerendo a reabertura, após solicitar uma perícia particular que aponta indícios de que a carta escrita por Odilaine, antes de cometer suicídio, teria sido escrita por outra pessoa, que não ela própria.
Segundo a promotora, estas informações estão sendo aguardadas, para então o MP analisar as informações que estão nos autos, comparar com as alegações da família e a partir disso, se manifestar a respeito.
A promotora confirmou ainda que a perícia citada em reportagens na imprensa durante a semana, não foi juntada ao processo e o Ministério Público não pode, dessa maneira, se manifestar quanto a isso.
Processo
O processo criminal que apura o assassinato do menino Bernardo Uglione Boldrini, em que quatro réus estão presos e aguardando julgamento, está se encaminhando para o encerramento da fase de instrução. Foram ouvidas 25 testemunhas arroladas pela acusação e 27 testemunhas requisitadas pelas defesas dos réus.
Ainda resta um depoimento, que deverá ser prestado na Comarca de Boa Vista (Roraima), no dia 11/05/15, às 9h, a pedido da defesa de Graciele Ugulini.
O juiz Marcos Agostini marcará o interrogatório dos réus após a oitiva dessa testemunha e do Instituto-Geral de Perícias (IGP) enviar os esclarecimentos solicitados pela defesa de Leandro Boldrini acerca do resultado do laudo do receituário que teria sido usado por Edelvânia Wirganovicz para comprar o Midazolam (medicamento que teria causado a morte de Bernardo). O resultado da perícia foi inconclusivo quanto à assinatura do médico.
Interrogatório dos réus
O interrogatório dos quatro réus está previsto para acontecer no Foro da comarca de Três Passos. Segundo a promotora, após isso, abre-se prazo para a acusação e defesa se manifestarem. Posteriormente o juiz Marcos Luis Agostini irá decidir, em sentença, se os réus serão julgados em tribunal de júri.
O Ministério Público não pode estimar um prazo de tempo para que esta decisão ocorra. “A partir do interrogatório, acreditamos que em um prazo de um mês possa sair a sentença”, afirmou a promotora.
O vídeo em que Edelvânia Wirganovicz muda sua versão sobre a morte de Bernardo, igualmente divulgado pela imprensa esta semana, foi juntado pela defesa da ré durante a última audiência de instrução ocorrida em Três Passos.
No vídeo, Edelvânia diz que Bernardo tomou cerca de cinco comprimidos, a pedido de Graciele, a madrasta. Após a ingestão, o menino teria caído e desmaiado dentro do carro, ficando sem pulsação, após verificação feita pela madrasta, que é enfermeira.
De acordo com Edelvânia, após isso, as duas teriam colocado o corpo do garoto dentro de um saco plástico e, após, enterrado em uma cova no interior de Frederico Westphalen.
Já na primeira versão, quando confessou participação no crime e apontou o local onde o corpo de Bernardo havia sido enterrado, Edelvânia afirmou que Graciele havia aplicado uma injeção letal no menino. Também referiu que ela e Graciele jogaram soda cáustica no corpo de Bernardo, antes de enterrá-lo.
No entender da promotora Silvia Jappe, o vídeo é totalmente frágil. “É uma gravação feita entre o advogado de defesa e sua cliente, com perguntas e respostas já combinadas, sem qualquer validade”, observa. “Essa gravação, segundo a promotora, de maneira alguma muda o entendimento do MP, pois existem inúmeras outras provas indicando e embasando aquilo que a acusação vem defendendo”.
O caso
O menino Bernardo Uglione Boldrini, de 11 anos, desapareceu no dia 4 de abril do ano passado em Três Passos. Seu corpo foi encontrado na noite de 14 do mesmo mês, na localidade de Linha São Francisco, interior de Frederico Westphalen, dentro de um saco plástico e enterrado às margens de um rio. Edelvânia Wirganovicz, amiga da madrasta Graciele Ugulini, admitiu o crime e apontou o local onde a criança foi enterrada. Respondem ao processo criminal Leandro Boldrini (pai), Graciele Ugulini (madrasta), Edelvânia Wirganovicz e Evandro Wirganovicz (irmão de Edelvânia). A denúncia foi aceita pelo Juiz de Direito Marcos Luís Agostini em 16 de maio do ano passado. Os réus estão presos. (Com informações do Correio do Povo/Agostinho Piovesan e Vinícius Araújo)