
Conforme já havia anunciado, o Hospital Municipal Santa Terezinha suspendeu, a partir ontem quarta-feira, o atendimento de novos pacientes de alta complexidade, tratamentos de oncologia e hemodiálise. Nas primeiras horas da manhã, cerca de 50 médicos se concentraram em frente à instituição, que fica a seis quadras do Centro de Erechim, no Norte gaúcho.
Os serviços que o hospital mantém são urgência e emergência e atendimento a quem já está internado. Novos pacientes para procedimentos eletivos são orientados a procurar as Secretarias de Saúde dos respectivos municípios de origem.
De acordo com o diretor clínico do hospital, médico Fernando Savegnago, a decisão foi tomada para mostrar à comunidade a gravidade da situação. Ele explicou que nenhum médico é contratado como pessoa física pelo hospital, mas como prestador de serviço como pessoa jurídica. “Os repasses por serviços prestados estão atrasados tanto para os plantões clínicos e cirúrgicos, como para serviços terceirizados de hemodiálise e oncologia”, relatou o diretor. Segundo ele, o atraso chega a 100 dias.
O diretor executivo do hospital, Rafael Ayub, também participou da mobilização na manhã desta quarta-feira e disse que o Hospital Santa Terezinha dispõe de 179 leitos, incluindo os de observação, e que, na manhã de terça, havia 140 ocupados. Ele assegurou que todos os pacientes que estão internados serão atendidos normalmente até receberem alta, variando de caso a caso. Ayub também reforçou que os atendimentos de urgência e emergência estão mantidos, mas no restante o hospital não recebe mais ninguém. Até mesmo quem precisa realizar um curativo está sendo orientado a procurar a Secretaria de Saúde do respectivo município.
No início da semana foi realizada uma reunião entre direção do hospital com os 32 prefeitos da Associação dos Municípios do Alto Uruguai (Amau). Até maio deste ano o hospital tinha a receber do Estado, em pagamentos atrasados, R$ 7,9 milhões, sendo que desse total, R$ 3 milhões são de serviços prestados em novembro do ano passado.
A prefeitura de Erechim se comprometeu a socorrer a instituição com um aporte de R$ 2 milhões até o fim do ano, metade ainda neste mês. O hospital propôs aos municípios o restabelecimento de um valor a título de reposição para cada paciente enviado como complementação da Autorização de Internação Hospitalar (AIH. O valor ficou em aberto, mas pode variar de R$ 542 a R$ 452. No entanto, os municípios exigem uma redução nos custos totais do hospital “adequando a receita à despesa”, disse o presidente da Amau e prefeito de Campinas do Sul, Milton Cantele.
Foi criada uma comissão pluripartidária dos municípios que junto com a direção do hospital vai apresentar um plano de redução de custos para ser apreciada e votada em outra reunião da Associação dos Municípios nos próximos dias. O Santa Terezinha foi transformando 100% SUS em 2013 e desde então a conta das complementações das AIHs foi assumida pelo Estado. O hospital é referência em alta complexidade para três Coordenadorias Regionais de Saúde (11ª, 15ª e 19ª).