Eracilda de Assumpção – Mestre em Educação
O nascimento biológico da criança é marcado por um estado de dependência primária, uma vez que o recém-nascido, mesmo após o corte do cordão umbilical continua a depender biologicamente da mãe. Além desse tipo de dependência primária e biológica da criança em relação a mãe, há que se registrar a dependência psicológica, que não cessa com o simples amadurecimento biológico da criança ao longo da infância, uma vez que esse vínculo é garantia de sua sobrevivência. Viver é receber calor e proteção, é receber carinho, é “depender de”.
A fragilidade da criança, característica típica do ser humano ao nascer, existe independente de sua classe social ou origem.
A fragilidade é que faz com que a criança comece, desde cedo a sentir a diferença essencial entre ela e o adulto. A maneira como os pais, assim como outros adultos, com os quais ela convive, procuram inserir a criança às exigências da realidade externa deixam nela a sua marca, muitas vezes reprimindo suas vontades. Nesse processo, a criança passa a introjetar a vontade do pai, expressa por valores, normas e limites que regulam, de modo não critico a sua ação . Somente a partir do desenvolvimento do julgamento moral autônomo é que a criança, se tornará mais apta a avaliar e questionar as normas, leis e proibições paternas. O que ocorre, muito frequentemente, é que os pais não educam seus filhos para o enfrentamento de conflitos gerados nesse processo. O que os pais esperam é que os filhos obedeçam e sigam seus preceitos e normas familiares, sem contestação. Esse comportamento de obediência e submissão acrítica, esperado e desejado pelos pais, tem um efeito nocivo no desenvolvimento da criança. Obedecer, simplesmente para não perder o amor dos pais (…se você fizer assim a mamãe vai ficar triste…”) pode resultar num processo de fragilização da personalidade, processo de aceitação passiva, sem dialogo, sem esclarecimento, do porquê de tais regras ou normas.
O padrão de relações que ainda temos na escola, não foge desse comportamento autoritário. A manutenção de uma classe “comportada”, silenciosa é o que se apregoa em muitas escolas.
Causa espanto quando os alunos defendem suas ideias, como está acontecendo atualmente. Ao fazer suas reivindicações dificilmente ele é ouvido, isso não quer dizer que tenha que fazer suas vontades, mas ouvi-los, dialogar. Uma vez que a escuta, a troca de opiniões fortalece a formação racional da criança e do adolescente. Ele passa a discernir os pontos fracos e/ou fortes de suas reivindicações.
É fundamental que a escola seja capaz de educar a partir da conscientização do aluno quanto à importância de um relacionamento flexível e democrático, no qual direitos e deveres possam ser conciliados, contribuindo, dessa maneira, para o crescimento e fortalecimento de um ego crítico e saudável, de modo que o lado racional disponha, cada vez mais, de um maior controle sobre a personalidade.
Nessa perspectiva educar é, antes de tudo, procurar fazer com que as pessoas atuem e pensem de modo mais racional, ético e possam viver e conviver numa sociedade justa e organizada.
Graduada em Letras – Português e Inglês (Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões. FW. 1975). Mestre em Educação (Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo-RS- 2006). Foi professora da rede pública estadual durante 28 anos. Professora Titular da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – FW- durante 23 anos). Atualmente é gerente proprietária da empresa EA ASSESSORIA EDUCACIONAL.-FW. Seus estudos e pesquisas concentram-se nos seguintes temas: políticas públicas de educação, gestão, avaliação e currículo.
Eracildaassumpcao@gmail.com
Rua Piratini 634 – Bairro Ipiranga -FW