Franklin Silva de Vargas, publicitário, é um dos denunciantes do vereador Celso Jancke (PP), que atualmente enfrenta comissão processante por ser acusado do crime de concussão. Franklin concedeu entrevista exclusiva a O Timoneiro na última quarta-feira, 10. O próprio procurou a reportagem para esclarecer informações de matéria divulgada na edição passada, intitulada “Eles sabiam de tudo: Vice-prefeita e cúpula do partido progressista sabiam de tudo, garantem acusadores de Jancke”.
Franklin afirma, enfaticamente, que o vereador Airton Souza, vice-presidente do Partido Progressista (PP), faltou com a verdade ao alegar que não foi procurado por ninguém sobre as práticas que aconteciam no gabinete. “Ele sabe de tudo que acontecia no gabinete. Era o espelho do Celso. Tinha pleno conhecimento de tudo e eu falava para ele. Quando sai do gabinete fui, por duas vezes, conversar com ele. Falei, expliquei e ele disse que não tinha como fazer nada”, disse o acusador.
Como foi o contato
No dia 16 de setembro, Franklin encaminhou um e-mail ao legislador onde relatava, em detalhes, a operação. “A cúpula sabia. Citei no e-mail: Não quero falar com o senhor como vereador, como companheiro. Quero falar e quero uma atitude como vice-presidente do Partido Progressista. Citei isso no email”, afirma. O mesmo foi ignorado. “A assessora me falou que imprimiu e deu pra ele. Então sei que recebeu. Sei que leu, mas ignorou assim como a Vice-prefeita”, salientou. “Ela sabia de tudo. Toda a cúpula do PP sabia de tudo”, conclui.
No início de setembro de 2013, diz ter falado com Francisco Biazus, atual presidente municipal da sigla. Relata que conseguiu uma reunião com Biazus enquanto o mesmo trabalhava no armazém geral do banco do estado do Rio Grando do Sul, Banrisul (BAGERGS), onde Francisco ocupava o cargo de presidente. “Falei com ele durante uma hora e ele disse que não ia se meter. Não iria se envolver”, comentou.
Em agosto do ano eleitoral, Inês Urbano ligou para o chefe de gabinete da senadora Ana Amélia Lemos, que disputava o governo do Estado, e relatou o ocorrido. De imediato, o presidente do PP estadual lhes recebeu em sua sede. “Ficamos mais de horas conversando com o presidente do PP, Celso Bernardi. Só conseguimos falar com eles depois que o caso explodiu na televisão.”, conclui.
A campanha de Jancke
Segundo ele, sua contratação para coordenar a campanha de Jancke se deu em uma reunião marcada no gabinete da vice-prefeita, Beth Colombo, dentro da Prefeitura. “Nós passamos uma manhã. Fui convidado a vir para o PP pela vice-prefeita e pelo Celso”, confirma.
Apenas quatro pessoas participaram ativamente da disputa eleitoral. “Eu, Marcos Pehl, Anete (Teixeira) e Claudio Saldanha. Os quatro que trabalharam na campanha e estariam, em principio, trabalhando no gabinete. Nenhum nunca tinha trabalhado com política no gabinete. Inclusive o chefe de gabinete sem nenhuma experiência. Era músico”. Complementou.
Os Saldanhas
Paulo Saldanha, que negou tudo na comissão processante, continua funcionário do Celso. Após a eleição, o parlamentar resolveu que Franklin não iria ao gabinete, vislumbrando as possibilidades que poderiam vir a acontecer. “Então começou a chamar pessoas sem experiência”. Vargas foi para o Executivo, onde permaneceu por seis meses.
Em 12 de junho, portanto, foi para o gabinete do progressista, pois ninguém lá sabia a função a ser desempenhada, fora o atrito com Inês Urbano, motivo que motivou a vinda de Franklin “para dar uma estruturada” e a saída de Inês para a Prefeitura. Segundo ele, cada um tinha o seu acordo. “Eu repassava direto para ele. O Saldanha (Claudio) ia lá todo dia de pagamento e pegava dos outros”.
Quadro da dor
“Quando eu cheguei lá comecei a ver o quadro da dor. Comecei a ver coisas que não estava acreditando. Eram financiamentos. Obrigando a repassar. Me obrigando. “Não, não. É isso. Tu tem que passar. Tu ganhava menos na Prefeitura”, dizia o vereador para Franklin que confirmou também repassar valores. “Nos quatro meses que fiquei lá eu repassava. Era obrigado. Depois a situação ficou insustentável. Cada um tinha um acordo. Geralmente diferente de cada um”, relata.
Após delatar o fato, o publicitário enfrenta problema na vida profissional. “Dois anos desempregado. É complicado. Todos que estão envolvidos”. Em entrevista anterior, no dia da processante, ele atribuiu o fato de delatar a vontade por uma “nova política”.
O que dizem os progressistas
Procurados após a delação na Comissão Processante, os citados na matéria negaram as informações de Franklin. Por telefone, o presidente municipal do Partido Progressista, Francisco Biazus, afirmou não saber de nada. “Eu sei o que saiu na imprensa”, salientou. Francisco alega não saber nada antes de o caso ser veiculado na imprensa. “Sei tanto quanto as outras pessoas que acompanharam”, conclui.
O vereador Airton Souza afirmou que não foi procurado por ninguém sobre as práticas que aconteciam no gabinete e desconhece se as mesmas aconteciam de fato. “Eu não sabia. Não sei nem se existia a prática realmente. Nunca ninguém me procurou”, afirma.
FONTE/Jornal O Timoneiro