TÓQUIO (IPC Digital) – Seja como recepcionistas em hotel, enfermeiro em asilo ou empregado doméstico, androides podem preencher a falta no mercado laboral.
Em setembro deste ano, o aeroporto de Haneda, na capital japonesa, receberá 11 novos ‘funcionários’, para desempenhar atividades pesadas, transportando bagagens e limpeza dos imensos terminais. E provavelmente não farão nenhum tipo de reclamação.
A operadora do aeroporto assinou um acordo com a Cyberdyne Inc. para testar novos robôs da companhia num ambiente de trabalho efetivo. Por mais que pareça ser apenas publicidade, a ideia tem potencial para se revelar uma solução, do problema crescente no setor laboral do Japão.
“Empresas vêm tendo bastante dificuldade de preencher empregos de baixa qualificação devido à redução da força laboral no Japão”, descreve o diretor de estudos asiáticos da Universidade de Templo (EUA), Jeff Kingston. “Esses robôs podem ser programados para suprir essa carência, num país que enfrenta uma crise de envelhecimento para qual o governo não se preparou adequadamente.”
Hospitais e asilos
Os lugares mais frequentes que os robôs começaram a aparecer, foram em aeroportos, restaurantes, bancos, hotéis e canteiros de obras. Um lugar onde há uma ampla falta de mão de obra é no setor de cuidador de idosos, onde provavelmente eles sejam cada mais ‘contratados’.
Segundo o Censo de 2014, 25% da população japonesa, correspondente a 32,6 milhões, têm mais de 65 anos. O total de aposentados são mais que o dobro que cidadãos abaixo de 15 anos, equivalente a 16,3 milhões. Fato nunca registrado no país.
Até 2025, pela queda na natalidade, os idosos serão aproximadamente 30% do total da população. Para uma comparação em nível mundial, a Organização Mundial da Saúde (OMS), espera que até 2050, cidadãos com mais de 60 anos seja em torno de 22%.
O robô-enfermeiro Riba (sigla de Robot for Interactive Body Assistance), imita um urso de pelúcia, desenvolvido para ajudar no transporte de pacientes, erguendo mais de 60kg, reconhece rostos e consegue responder até 30 comandos de voz.
Já o robô Hospi-Rimo (sigla de Remote Intelligence and Mobility), que num futuro não muito distante poderá ser encontrado em asilos de idosos e hospitais, foi criado para desempenhar funções como intermediário na comunicação médico-paciente com problemas de locomoção. Com um sorriso no rosto (monitor), o androide se movimenta de forma autônoma.
A mais recente inovação do setor, o Human Support Robot (HSR), foi desenvolvida pela Toyota. Tem corpo cilíndrico, braços dobráveis e vasta mobilidade, apanha objetos do chão e prateleiras.
“A inteligência artificial ainda não é um substituto para humanos quando se trata de cuidar das pessoas queridas”, comunicou a Toyota. “O HSR pode, por isso, ser operado remotamente por parentes e amigos, com a voz e o rosto do operador sendo transmitida em tempo real.”
Segurança e trabalho doméstico
A presença de robôs, ao que tudo indica, não restringirá o setor de cuidados médicos. As companhias em parceria Tmsuk e Alacom, estão criando um robô para o setor de segurança, capaz de detectar intrusos por senso de calor.
O robô se locomove a 10km/h, e é guiado por um controlador que pode ver as imagens em tempo real, até mesmo pelo celular, sendo capaz de neutralizar um estranho, com uma espécie de rede, até que forças de segurança cheguem ao local.
Em um Hotel nos arredores de Nagasaki, Hen-na (em tradução literal: ‘hotel estranho’), robôs uniformizados trabalham na recepção e levam as bagagens para o quarto. A empresa aberta foi aberta em julho, no parque temático Huis Ten Bosch, e é o primeiro hotel do mundo com funcionários andróides.
“É difícil estabelecer um ponto de partida para o início da era dos robôs, já que vem havendo certa ‘fluência tecnológica’, mas eles estão certamente se espalhando em nosso dia a dia”, comenta Tim Hornyak, autor do livro ‘Loving the Machine’ (Amando a máquina), sobre relação dos japoneses com robôs.
Hornyak diz que o Japão é reconhecido como líder no setor de robótica há muito tempo, mas viu isso ser abalado quando a empresa americana iRobot lançou o primeiro robô aspirador de pó, o Roomba.
Com a chegada do Pepper, um robô humanoide desenvolvido pela SoftBank, o especialista se diz empolgado. “Ele é notavelmente sofisticado e vem sendo vendido a um preço bastante razoável, cerca de ¥193.000, mais as taxas mensais”.
Ele terá a habilidade de colocar pratos numa lava-louças, separar roupas sujas e até arrumar a casa, o Pepper, poderá ser o primeiro robô dedicado a serviços domésticos. “A SoftBank está disposta a perder dinheiro com o Pepper nos primeiros quatro anos, mas, até lá, haverá uma abundância de aplicativos que tornarão a invenção muito mais atraente”, finaliza Hornyak .
Fonte: Carta Capital